A amizade de Sophia e Jorge de Sena é bem conhecida, até pelas cartas publicadas. Juntos, em separado, atravessaram o deserto de um país em ditadura.
Sena exilou-se, Sophia ficou. Desse afastamento físico resulta a literatura epistolar da sua correspondência. Muito além da directa, há uma profunda correspondência de propósitos. A luta pela liberdade, pela acção, pela palavra.
A Sophia é doce, mas não perdoa. Exige a verdade por inteiro para não habitar meio quarto.
O Sena é duro e não perdoa. Lembra-nos os que foram estripados, esfolados, queimados, gaseados, e os seus corpos amontoados tão anonimamente quanto haviam vivido.
Juntos, colocam-nos num lugar onde somos chamados a decidir, a questionar. Um lugar onde a indiferença se mostra imperdoável.
Para Atravessar Contigo o Deserto do Mundo é um exercício de intertexto. Intertexto entre dois poetas, entre dois actores, intertexto de afectos e uma luta comum, entre o mundo que temos e o que queremos.
direcção Pedro Lamares
criação, dramaturgia e interpretação Lúcia Moniz e Pedro Lamares
direção técnica e desenho de luz Joaquim Madaíl
produção e difusão Sónia Costa
fotografias Vitorino Coragem | Alfredo Matos (retrato de Lúcia Moniz)
um projecto Casca de Noz
promoção, difusão e agendamento Companhia Nacional de Espectáculos
apoio na residência artística Município da Sertã; Convento da Sertã Hotel
apoio Herdade da Malhadinha Nova
Lúcia Moniz e Pedro Lamares são dois actores, criadores e encenadores com um extenso número de participações em teatro, televisão e cinema. Criaram juntos este espectáculo que já se apresentou em inúmeras salas dentro e fora de Portugal.
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