“Um revisor é uma pessoa séria no seu trabalho, não joga, não é prestidigitador, respeita o que está estabelecido em gramáticas e prontuários, guia-se pelas regras e não as modifica, (...) muito menos porá um não onde o autor escreveu sim, este revisor não o fará.”
Raimundo Silva, enclausurado na sua rotina, na sua disciplina, na sua revolta branda contra as imprecisões, atreve-se, “em plena consciência”, a acrescentar uma palavra a um livro que pretende ser um documento histórico. Um 'não' que não ousa mudar a frase ou sequer o livro: ousa mudar a História.
“Assim está escrito e portanto passou a ser verdade, ainda que diferente, o que chamamos falso prevaleceu sobre o que chamamos verdadeiro, tomou o seu lugar, alguém teria de vir contar a história nova, e como.”
A proposta é extrair do texto o arco narrativo, compactando-o em 60 minutos de leitura corrida, minimizando as feridas da omissão.
Num texto que vive em dois tempos paralelos, a História dentro de uma história, esta releitura foca-se na linha contemporânea, no ímpeto de um revisor que reescreve o passado (e o futuro) numa palavra.
“Então vai-se ao tempo que passou, que só ele é verdadeiramente tempo, e tenta-se reconstruir o momento que não soubemos reconhecer, que passava enquanto
reconstruíamos outro, e assim por diante, momento após momento.”
dramaturgia e interpretação Pedro Lamares
criação Pedro Lamares e Ana Matos
produção Companhia Nacional de Espectáculos
um projecto em parceria Fundação José Saramago/ EGEAC / Casca de Noz
fotografia Vitorino Coragem
promoção, difusão e agendamento Companhia Nacional de Espectáculos
No ano de 2007 foi criada em Lisboa uma Fundação com o seu nome, que trabalha pela difusão da literatura, pela defesa dos direitos humanos e do meio ambiente, tomando como documento orientador a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Desde 2012 a Fundação José Saramago tem a sua sede na Casa dos Bicos, em Lisboa.
José Saramago recebeu o Prémio Camões em 1995 e o Prémio Nobel de Literatura em 1998.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, condecorou postumamente, a 16 de novembro de 2021, José Saramago com o grande-colar da Ordem de Camões, pelos "serviços únicos prestados à cultura e à língua portuguesas", no arranque das comemorações do centenário do nascimento do escritor.
Carlos Fernandes
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